Crítica: primeira parte da 3ª temporada de The Fosters

Critica de Vinícius Bellemo - Equipe The Fosters Brasil

5 meses - foi o primeiro pensamento que surgiu em minha cabeça ao terminar a primeira parte da terceira temporada de The Fosters, nesta madrugada. A emoção foi grande ao ver a família fictícia que mais amo no momento divertido-se juntos, enquanto a câmera se afastava, finalizando assim o início da temporada de uma maneira leve e pra cima. Mas, mesmo depois de horas após este agradável season finale, não consigo me contentar em comentar que apenas amei o início desta temporada. Sim, eu já era um fã declarado de Fosters, mas - para mim - a série nunca tinha sido tão boa como se mostrou nesses últimos dez incríveis episódios. Por isso, preciso comentar sobre o que achei da temporada como um todo, destacando O QUE GOSTEI, O QUE NÃO GOSTEI e O QUE PRECISA MELHORAR. 

1) O QUE GOSTEI 

1.1. A FALTA DE MELODRAMA

Um dos grandes problemas de produtos audiovisuais para TV é a abordagem do melodrama barato como recurso narrativo, a fim de impactar ou emocionar o espectador. The Fosters utilizava-se deste melodrama irritante nas duas primeiras temporadas de uma forma que me incomodava. Era quase regra acontecer algum "chôrôrô" forçado ou alguma situação que nos fizesse pensar "Hum, isso está aí pra me fazer chorar ou chocar a qualquer custo". Posso citar como exemplo a cena em que Connor supostamente "morre" ou até mesmo a trama da Ana. Enfim, a série conseguiu se libertar deste recurso linguístico barato já nos primeiros minutos da terceira temporada, quando recebemos a notícia de que o Jesus não morreu - detalhe, eles poderiam ter matado facilmente o personagem já que o Jake T. Austin saiu da série por uma questão contratual. Uma consequência que vinha do forçado acidente de carro no final da segunda temporada e que teve uma consequência nada melodramática por conta do amadurecimento dos roteiristas em relação à trama da série. Essa bem-vinda falta de melodrama extende-se até o último episódio da primeira parte da temporada quando o provável câncer de Steff surge como recurso narrativo para trazer à ela e à Lena a paz conjugal. Ao final, quando enxergamos uma possibilidade de perdemos alguém que amamos, deixamos as brigas de lado e tentamos aproveitar o máximo ao lado daquela pessoa. Um exemplo de que The Fosters não precisa mais de melodrama barato para emocionar seus fãs e espectadores. 

 1.2. TEMAS MAIS MADUROS 

Que The Fosters já era referência em série por lidar com temas polêmicos e maduros, isso já não é novidade. Mas esse início da terceira temporada se propôs a discutir temas que foram além do que a série já tinha discutido antes. Desde o racismo, que é óbvio nas cenas protagonizadas pelo AJ, passando pela homossexualidade e transexualidade e indo até o questionamento do uso de armas por menores e interpretações religiosas, a série têm se mostrado forte e ousada em tentar discutir com os jovens esses temas tão presentes na realidade americana e mundial. Uma cena que ilustra bem a genialidade desta temporada no tema racismo, por exemplo, é no episódio em que Brandon e Callie conseguem ir ao México sem passaporte, mas na hora de voltar aos EUA, o passaporte é necessário: a facilidade do americano de ir ao México e a dificuldade do mexicano de ir aos EUA. 

1.3. A HUMANIDADE DOS PERSONAGENS

Esqueça a divisão entre bem e mal... Isso não existe em The Fosters, e essa temporada prova isso muito bem! Todos os personagens são humanos, cometem erros e sentem por esses seus erros. Não existem rótulos para classificar quem é bom ou mau aqui. Um exemplo notável disso é o desfecho do Nate na série: em vez de ser tratado como um racista odioso, ele acaba sendo abraçado pela família por realmente sentir muito pela palavra racista dita à mãe de Lena.

1.4. STEF E LENA 

Como não amar esse casal? Por piores que foram as situações enfrentadas por Stef e Lena nessa temporada, o casal continua a manter-se extremamente interessante e apaixonante. 

1.5. ATUAÇÕES EM GERAL

Um dos motivos do casal Lena e Stef funcionar tão bem deve-se as excelentes atuações de Teri Polo e Sherri Saum. Ambas atrizes tem tanta química juntas que é difícil imaginar que na vida real elas não são um casal. Vale ressaltar também a sensível interpretação de Danny Nucci como Mike, cada vez mais presente na série; o carisma incomparável do Tom Williamson como AJ; e a doçura da Cierra Ramirez como Mariana.

1.6. MARIANA FOSTER

Nesta temporada, começou a ficar claro o amadurecimento da Mariana em comparação às outras temporadas. De uma menina chata e indefesa, que vivia sofrendo com as bobagens feitas pela sua mãe biológica (primeira e segunda temporada) até uma boa garota, que comete burradas, mas que as assume e aprende com os erros, a trajetória da Mariana têm se revelado uma das mais interessantes e complexas de toda a série. É muito gratificante, por exemplo, ver a personagem, após desculpar-se várias vezes, ir até o seu ex-namorado e assumir o seu erro, mas mantendo, principalmente, a sua dignidade. "Eu não vou pedir mais desculpas porque eu já me perdoei"; essa inteligente frase ilustra tão bem o progresso dessa personagem, que mais nada é preciso ser dito para demonstrar a maturidade e o amor próprio que a Mariana têm por ela mesma.

1.7. A SAÍDA DO JAKE T. AUSTIN

Se tem um ator que foi mal escalado para The Fosters, esse ator é Jake T. Austin. Tendo um dos rostos mais inexpressivos da atualidade, o ator crescido de Os Feiticeiros de Waverly Place prova que sua entrada em The Fosters não passa de um motivo mercantilista, a fim de popularizar mais a série. Além de ser ruim como ator, a trama do Jesus - que em si só fazia atrasar as outras tramas - se tornava ainda mais desinteressante por causa do ator. Ainda bem que ele se mandou e os produtores escalaram Noah Centineo para dar continuidade ao personagem, um ator que parece possuir um carisma muito maior do que o de Austin e principalmente algo que faltava ao anterior: vontade de trabalhar.

2) O QUE NÃO GOSTEI

2.1. BRALLIE

Ainda não consegui entender o motivo de haver tanta insistência por parte dos roteiristas para que o casal mais sem graça da série ainda exista. Desde a primeira temporada que o casamento entre Maia Mitchell (Callie) e David Lambert (Brandon) não convence nem a mim nem a maioria dos fãs e espectadores da série. Nessa temporada, os roteiristas caíram no mesmo buraco novamente e, por mais que a cena em que Callie e Brandon transam pela primeira vez seja bonita esteticamente, não desperta interesse algum por parte de qualquer um. Produtores, que tal olharem um pouco para o casal AJ e Callie?! Rosto com olho piscando.

2.2. MONTE - A NOVA DIRETORA

Só o fato de querer separar Lena da Stef já nos trás uma antipatia com a nova diretora da escola de Callie e turma. Mas além de se apaixonar por Lena, a mulher ainda solta umas frases do tipo "É melhor desistir de um casamento que não está dando certo, do que permanecer" e isso não para fazer com que Lena se sinta melhor, mas sim em prol de seu benefício próprio. Vamos parar de falar dela?!  

3) O QUE PRECISA MELHORAR

3.1. JONNOR

Okay, eles são o casal mais incrível da série com exceção, talvez, de Stef e Lena, mas não é mentir em dizer que o romance entre Connor e Jude deixou à desejar nesta primeira parte da terceira temporada. Hayden Byerly e Gavin Macintosh, por melhores atores que sejam, estão mais para amigos que se pegam do que para namorados apaixonados. Isso deve-se, talvez, à falta de tempo do casal em cena, culpa dos produtores da série, que deveriam substituir cenas BRALLIE por cenas JONNOR.

3.2. A ATUAÇÃO DE MAIA MITCHELL

A Maia Mitchell é um caso sério de polícia. Em algumas cenas ela convence muito como atriz, já em outras abusa do overacting (atuação exagerada) para expressar as inseguranças da Callie. Nesta temporada, a atriz evoluiu, demonstrando mais confiança em sequências que exigem um pouco mais de dramaticidade... Mas mesmo assim, está longe de agradar por completo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os pequenos erros deste início de temporada não foram suficientes para não agradar - muito pelo contrário, os acertos da série foram tão grandes que fazem com que esses errinhos não comprometam o resultado final da temporada. Com temas mais fortes e maduros, tramas mais interessantes e adultas, The Fosters prova que está indo no caminho certo.

NOTA: 

4,5/5